sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A hora da verdade.

Li Clarice aos 15 anos de idade. Nada mal para quem já sabia o que queria da vida: lecionar. Se entendi perfeitamente o que estava lendo? Não, pra falar a verdade. Clarice é muito mais profunda do que se espera em sua leitura e eu ainda não sabia o tamanho da profundidade de uma alma. Mas me interessei, porque, apesar de sua alegoria latente, percebi que é possível sentir o outro vivo - e nesse caso, "a outra" - mesmo sem tocá-lo. Então A Hora da Estrela estava entrando no meu subconsciente como algo questionável. Não queria aceitar o que minha primeira "leitura de adulto" estava me proporcionando. Por que a vida de Macabéa seria tão difícil, tão vazia a ponto de não saber "feliz serve pra quê?". Chorei. Devolvi o livro à bibliotecária e deixei Lispector em algum lugar dentro de mim. Passaram-se 4 anos. Li Clarice algumas outras vezes nesse meio tempo, com uma enorme curiosidade, mas com um medo maior ainda de descobrí-la. Comprei o livro que lera anos atrás e relí. Compreendi, então, que o que Macabéa sente é o que, na maioria das vezes, abraça a alma de (quase) todos. Eu posso sentir.

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