segunda-feira, 12 de agosto de 2013

"Não se faz uma frase. A frase nasce." - 
Sabiamente, Clarice Lispector.

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O que se passa.
12.08.13

O  sol está brilhando sobre a minha pele clara; sua luminosidade alinha-se ao tom ameno da minha blusa nude, aquecendo-me junto aos raios que penetram o meu corpo. Mais quente ainda está minha cabeça ao pensar em como livrar-me-ei de você e desta obsessão em que se transformou aquele antigo e incorrespondido amor. No peito o coração também é superaquecido pelo café que desce rasgando, como uma angústia fervilhante e inexpressa na ponta deste lápis. E o pensamento lá em você.
Ao mesmo tempo, o locus amenos converge com meu íntimo horror de estar e, enquanto o vento bate nas verdes folhas e acaricia suavemente o meu rosto, os passarinhos cantam suas simplórias e tão altas glórias de apenas ser. Ouço atentamente aquele som do encanto natural. Oh, há quanto tempo esqueço dos pormenores desta vida, disto que salva o homem de sua perdição natural, disto que salva o homem da grandiosidade. O conflito dos lugares onde estou, no gramado e em mim mesma, se opõem e fecham-se para um acordo pacífico. Percebo cada detalhe seu em meu ambiente, cada estrutura secreta abalada por causa da sua grande existência. Então eu choro. Perco um pedaço de você em cada lágrima derramada, e vou retirando, muito lentamente, seu eu de mim... ... ...

Mas agora me refaço como a natureza, recompondo meu sorriso com os reflexos do sol. Ele será hoje o responsável pelo brilho que você, a noite em mim, vir nascer em meus lábios.