segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O mundo através dos olhos de Clarice Lispector


Minha escritora favorita. (Não é clichê, acredite).

Desde adolescente me ocupo com Clarice Lispector nas horas vagas, tristes, felizes; absolver sua escrita é um constante desafio, por isso estou sempre lendo e (re)descobrindo seus romances. Eu não me recordo quando ou como foi que surgiu minha afeição pela autora, mas acredito que meu interesse aflorou quando uma professora universitária (de Letras, da UFRJ) me elogiou em público na Bienal do Livro, porque eu a fiz uma pergunta relacionando o conteúdo da palestra ao romance ''Água Viva''. Eu devia ter uns 15 anos e estava ainda no ensino médio; em minha escola quase nunca referenciavam a escritora que eu considerava ser fundamental para o repertório literário de qualquer estudante. Uma pena. Quis mudar esse quadro; coloquei como meta o desenvolvimento de algum trabalho que pudesse ressaltar aos olhos dos meus alunos as obras de Lispector, e foi na Sala de Leitura do Colégio Universitário Geraldo Reis que trabalhei com o Projeto Clarice, ao lado de uma grande amiga, a Mary Hilário.

A principal meta da Sala de Leitura em que trabalhei sempre foi estimular o hábito da leitura e o aperfeiçoamento da escrita, a partir da diversidade de autores e temáticas (é um espaço rico, que deveria existir em todas as escolas do país). Dentro dessa perspectiva, a ideia principal do Projeto Clarice era estabelecer um diálogo entre as turma de diferentes segmentos - 3º, 5º e 8º ano - a partir de diferentes gêneros literários de Clarice Lispector, a fim de aproximar os alunos da sua literatura. A turma combinou que, ao final do curso, haveria um processo de registro de todas as atividades feitas para ficarem expostas nos corredores da escola. 

O primeiro retorno material do trabalho desenvolvido foi a montagem de um mural coletivo, elaborado pelas três turmas.








Em seguida, elaboramos uma oficina de pintura em azulejo inspirada nas pinturas em tela que Clarice fazia. Segundo a autora, essa expressão artística era uma outra forma de se estabelecer no mundo.


Por fim, conseguimos criar uma revista literária com a produção escrita dos alunos das 3 turmas participantes do projeto.



O crédito do sucesso do nosso projeto e da produção do conteúdo da revista é também dos alunos, que se envolveram e mergulharam no universo clariceano.

Inspirado no livro infanto-juvenil de Lispector “Como nasceram as estrelas?”, Matheus, da turma 501, produziu este e tantos outros textos que compuseram a revista literária.
"Bem antigamente havia uma nave e dentro dela tinham inventado uma máquina que quando você  pedia uma coisa, ela multiplicava. Um dia, um homem pediu uma coisa muito esquisita, ele disse que era com cinco pontas e brilhante e inventou um nome para esta coisa: estrela. Quando ele pediu a máquina multiplicou e tinha tanta estrela dentro da nave que o homem teve que jogar para o céu e como o céu não tem fim, as estrelas também não.".

Nenhum comentário:

Postar um comentário